Outro dia estava mapeando os lugares por onde andei pelo TripAdvisor e percebi que desde sempre valorizei o turismo/mochilão fora do Brasil.
Isso não é papo com complexo de vira-latas embutido, mas a realidade é que morando em Londres pude perceber que viajar pela Europa era absurdamente mais barato do que ser brasileira morando em São Paulo e passear pelo meu país.
O preço das passagens aéreas aqui sempre foram absurdas, as estradas perigosas e com sinalização confusa e os hotéis básicos com preços de cinco estrelas. Não falo isso com prazer, pois o Brasil conta com uma riqueza natural absurda e isso poderia ser revertido em ecoturismo maravilhoso e acessível, mas é aí que descubro um destino e um passeio que vale cada segundo e com preço que agrada desde um mochileiro até quem busca o luxo: Capitólio e o passeio por seus cânions.
Se você estiver saindo de carro de São Paulo, poderá ir por:
– BR-146, dando 453 km ou quase seis horas de estrada direto
– BR-050, dando 492 km e quase o mesmo tempo
Mas eu não fui direto, pois passei antes em Araxá, para tomar um banho relaxante e terapêutico na piscina emanatória do Tauá Grande Hotel Termas de Araxá. O valor para aproveitar a piscina por tempo indeterminado é de R$27, só que você deve tomar o banho por quinze minutos e sair por um tempo, pois a pressão pode cair (essa foi a indicação das terapeutas).
Também passei pela simpática cidade de Passos e comi pães de queijo deliciosos da Padaria Branca (bem próxima ao Presidente Hotel). Ela é simples e com a tradição mineira.
Se por acaso você também passar por ela, além de comer o famoso pão de queijo, experimente o bolo caçarola e de pamonha. Ah, e não me venha falar em dieta aqui, pois estamos falando da deliciosa culinária de Minas.
De Passos para Capitólio são apenas 70 km, mas eu aconselho colocar no Waze ou Google Maps já que existem pontos em que a estrada está passando por melhorias e na hora de passar por trevos você pode se perder. Aliás, me surpreendi por encontrar estradas muito boas e seguras de Passos até Capitólio e em outras partes de Minas, pois eu só tinha ouvido coisas terríveis dos caminhos por lá.
E minha viagem surpreendente começou a ter seu ponto alto quando avistei aquela imensidão de Furnas e a estrada que passa pela linda Serra da Canastra. O clima agora, de agosto/setembro 2015, é extremamente seco e o Lago de Furnas está dez metros abaixo do seu nível habitual, o que é muito preocupante, mas revela uma formação rochosa rica para quem for passear.
Logo após atravessar a ponte do Rio Turvo, avistei um restaurante bem grande e famoso na região, o Turvo. Por lá consegui achar em plena segunda-feira um passeio de lancha para seis pessoas, por 60 reais cada, com duração de duas horas e pausas para nadar nos cânions. Existe também um passeio de Chalana por lá, que custa 35 reais, mas essas embarcações maiores não entram nos locais mais bonitos, por ser muito largo, e só saem com regularidade sábados, domingos e feriados, enquanto a lancha pode ser alugada até para uso particular (eles falaram que é só ligar lá para saber quanto fica direitinho esse passeio privado, mas não é nada absurdo, ainda bem!).
A primeira parada do barco foi na Gruta dos Tucanos, um local que em época de cheia te permite nadar de uma piscina natural para outra, escondida entre as pedras. Agora fica impossível, mas é tão lindo que você fica meio sem reação nesse primeiro momento.
Na sequência paramos em Cascatinha. Aqui é hora de descer da lancha e, com todo cuidado para não escorregar nas pedras lisas, andar até a cascata escondida entre os cânions. A água é muito gelada, mas dá para ganhar coragem e entrar. É muito importante levar um bom repelente, pois os borrachudos estão ali esperando por um lanchinho.
Veja o vídeo com um resuminho do que vi por lá:
Depois foi o momento de passear pelos cânions e ver outra queda d’água. Nessa hora não resisti e pulei naquela imensidão azul. A água continuava muito fria, mas nessa parte era o ponto onde ela estava mais “aceitável” e esse banho foi um dos melhores da minha vida. Parecia que estava na Tailândia (veja minha aventura pelas ilhas tailandesas aqui), só que muito perto da minha casa. Claro que vou voltar!
A última parada é também a mais popular entre os turistas: A Lagoa Azul. Aqui você precisa encarar uma subida entre pedras e uma escadaria bem íngreme, então quem tem dificuldade de locomoção precisa considerar ficar na lancha ou nadar ali em baixo mesmo, o que já é demais.
Se você subiu, encontrará uma cachoeira desembocando em uma piscina natural linda. É realmente a visão do paraíso. E nesse ponto a Chalana, que citei acima, chega.
Voltei para o Restaurante do Turvo e comi a famosa traíra desossada. Um prato para duas pessoas serviu três numa boa. O garçom Chico foi muito atencioso, dando informações sobre a região, São Roque de Minas, Paraíso Perdido e Trilha do Sol.
Aliás, ali perto fica o complexo de cachoeiras Paraíso Perdido. Ele não abre de segunda e terça, o que me impossibilitou de ir dessa vez. Para chegar lá você precisa pegar uma estrada de terra e pagar para o proprietário 25 reais, pois é uma área particular. Além disso, passe muito repelente, pois todo mundo que foi disse que ali é lotado de borrachudo (#medo!), mas vale a pena pela beleza.
Há 100 km de Capitólio fica São Roque de Minas, local que abriga a queda d’água mais famosa da Canastra. Chamada de Casca D´Anta, ela tem 186 metros de altura e uma piscina natural disputada entre turistas. Ficará para minha próxima aventura por lá.
A cidade de Capitólio em si é bem pequena, conta com alguns hotéis mais simples e com custo-benefício melhor do que as pousadas à beira da lagoa. Além disso, para mochileiros mais corajosos existem diversos campings na região. Eu amava acampar, mas hoje em dia perdi um pouco do entusiasmo de ficar dentro de uma barraca rsrsrsrs.
Resumindo:
– Capitólio e a região do lago é um destino turístico digno de uma viagem para amantes de natureza. Sempre lembrando que uma vez lá, respeite o ambiente e não jogue lixo (vi um saquinho de bolacha na Cascatinha e não dava pra pegar, por causa das pedras lisas ao redor, mas cortou meu coração)!
– Eu aconselho também aos que preferem algo mais exclusivo e calmo que a viagem aconteça fora de finais de semana e feriado, para desfrutar dessa paz toda com menos turistas ao redor.
– Sobre o queijo da Canastra: É muito mais fácil achar o famoso queijo canastra no Mercadão de Pinheiros,em São Paulo, do que lá, te juro! Mas achei num mercadinho em Capitólio por 19 reais o kg.
– O pessoal do Turvo foi tão legal, mesmo sem saber que eu era jornalista (pois não falo nada para não influenciar alguma coisa – isso acontece) que eu até abusei da boa vontade deles perguntando tudo sobre hospedagem, passeios, dias que as atrações abrem e fecham,então se você tem dúvidas sobre a região eu aconselho ligar lá, pois eles te ajudam numa boa e não ficam indicando lugares mais caros ou “pega turista”.
Alguns contatos:
– Restaurante do Turvo: www.restaurantedoturvo.com.br
– Lago Azul passeios e pousada: www.lagoazul.tur.br
– Passeio de Chalana pelo Lago de Furnas: www.chalanalagodefurnas.com.br
– Pousada Mar de Minas: pousadamardeminas.com
– Hotel Minastur: www.hotelminastur.com.br
– Hotel Oba Coema: www.obbacoema.com.br
– Hotel Cyrilos: www.cyrilos.com.br
– Hotel Engenho da Serra: www.hotelengenhodaserra.com.br
Fotos: Paula Roschel.
