Do Guiné-Bissau para o Brasil foi um choque para Felizberta Gomes. A africana, acostumada a celebrar os cabelos crespos, percebeu uma realidade um pouco diferente ao chegar em São Paulo. Para ela, a experiência das suas filhas, nascidas no Brasil, fez a distância cultural entre os dois países ficar ainda mais evidente. Ela notou que havia uma grande cultura de alisamento no País.
Felizberta conta que na África, onde as mulheres não costumam alisar as madeixas, o crespo é mais valorizado. E que algumas mulheres usam adereços coloridos. Para suas filhas brasileiras – Sheila, e as gêmeas Mara e Lara – houve um grande contraste entre a convivência com a mãe, que passava mensagens de valorização do cabelo natural, e o que vivenciavam no dia a dia. As três, porém, deram a volta por cima, como contam para o site Tudo pra Cabelo. De uma infância marcada por bullying, elas reconheceram o poder de seus cabelos e hoje são modelos.
Sheila comenta que ouvia muitos comentários negativos sobre os penteados que a mãe fazia no seu cabelo quando ia à escola. Mesmo gostando deles, ela era ‘obrigada’ a ficar mudando de penteados até que acabou optando pelas tranças. Aliás, hoje é o seu look do momento.
Felizberta acredita que o fato de ser cabeleireira – um ofício que veio de família – a tenha ajudado a passar confiança para as suas filhas aceitarem seus próprios cabelos e assumirem seus estilos. Opinião a qual, as filhas concordam. Sheila afirma que a mãe a ajudou a ganhar autoestima e a ver beleza nos seus cabelos de diversas formas. Mara concorda e Lara lembra do incentivo que a mãe deu a elas para aceitarem seus cabelos e buscarem diferentes inspirações.
As meninas também lembram de quando eram crianças e não havia bonecas de cabelo crespo no mercado. Felizberta saía a procura, mas não as encontrava. Porém elas comemoram o fato de hoje ser diferente e haver mais opções disponíveis, inclusive com aparência idêntica a elas. E com o dia das mães se aproximando, elas aproveitam para homenagear a mãe como fonte de suas inspirações.
Fotos: Acervo pessoal.