Tem homem que acha a vida da mulher muito fácil: Geralmente é vista como mãe, dona de casa, empregada em um cargo não tão importante quanto o dele e ganhando menos (30% para ser mais exata).
Tantos deles acham que a gente reclama demais, já que podemos ter ajuda “mais facilmente” quando nosso pneu fura, nossa mala é mais pesada ou mesmo somos tratadas com mais delicadeza em estabelecimentos comerciais.
Tratadas com mais delicadeza?
Vivemos em um país com números exorbitantes de violência contra a mulher – seja pelo assédio nas ruas através de palavras de baixo calão, seja no transporte público apertado, local onde agressores se julgam no direito de passar a mão na gente, temos o cabelo puxado em baladas, pois os homens da caverna que fazem isso se acham no direito de nos conquistar e chamar nossa atenção dessa forma, seja através do estupro, do assassinato, de tantos casos como os das três meninas de Piauí que foram vítimas desse crime em sua forma mais divulgada pela mídia nacional e internacional: coletivamente.
“Nos deixem trocar nossos pneus, mas nos respeitem!” – é o que já escutei de uma amiga que sente medo de andar na rua quando escurece, mas também não se sente confortável antes desse horário.
Eu mesma, que sempre viajo sozinha e muitas vezes “mochilando”, escuto coisas do tipo: “Mas você fazendo isso também está procurando esse tipo de problema!” Oi? O que me faz diferente de um homem que tem a vontade de viajar sozinho, de se sentir livre?
Claro que dentro desse mundo que vivemos eu tomo mesmo certos cuidados antes de viajar, pois evito países com altos níveis de violência contraa mulher e por dois motivos:
– Não quero passar por isso e …
– Não quero investir meu dinheiro em um lugar que não defende ou respeita mulheres, que moram lá ou visitam. Quero ajudá-las, mas não quero promover esse lugar!
Então imagina como me sinto aqui no Brasil, local onde vivo boa parte do ano e que é cheio de injustiça quando o assunto é mulher? Tenho desgosto!
E nesse começo do mês de julho, dias em que muitos suspiram e soltam que o ano já está na metade, eu vi duas movimentações públicas relacionadas ao assunto desse meu texto, aliás, acho que foram as coisas que me motivaram a escrever:
1 – A capa da revista Superinteressante mostrando a cultura do estupro, com infográficos geniais que precisam ser passados para frente:
2 – Os péssimos adesivos da presidenta (dentro da norma é possível falar presidenta ou presidente, ok?) Dilma para serem colados nos automóveis de pessoas sem qualquer respeito pelas mulheres.
Eu não sou favorável ao governo, assim como não vejo nada maravilhoso na oposição, e estou assustada com a situação do país, pois estamos atravessando uma crise que parece só começar, mas daí a ter esse tipo de atitude misógina e agressiva contra uma pessoa é outra coisa! É terrível!
Quer se posicionar politicamente? Não envolve o gênero da pessoa! Use argumentos e educação, mais do que isso, use sua inteligência! Não vou nem colocar a foto do adesivo aqui, pois provavelmente você já viu (a presidenta de perna aberta na abertura do tanque de combustível do carro) e cada vez que coloco meus olhos naquilo me sinto profundamente ofendida!
Será que é tão difícil assim ser respeitada simplesmente por ser mulher?
Dói pensar como é complicado viver assim.
Fotos: Superinteressante.