domingo, novembro 24, 2024

Ana Hikari – sororidade e feminismo na vida e na arte

Na conversa sobre sororidade e feminismo da semana nós, do JornaldamodA, batemos um papo com Ana Hikari, atriz que fez o papel da Tina, em Malhação, na Rede Globo, e agora participa do spin-off As Five, no Globoplay. Ana falou sobre a aplicação da união feminina na prática e como o público adolescente está mais confortável com temas que antes eram mais velados, como o empoderamento feminino. Além disso, revelou alguns segredos de beleza para cabelos naturais, agora que deixou de alisar suas mechas.

JornaldamodA – Para você, o que é a sororidade?

Ana Hikari – Sororidade é a noção de que podemos ter empatia e estar ao lado de outras mulheres, quebrando o estigma de rivalidade feminina que sempre foi perpetuado pela sociedade. É um movimento que nos permite olhar para outras mulheres, enxergar as nossas diferenças (porque somos diversas) e aprender com elas, dando espaço, assim, a uma consciência feminista que não julga tais diferenças. Que respeita suas reivindicações, apoia e ampara mutuamente mulheres e transforma estruturas sociais.

Ana Hikari - sororidade e feminismo na vida e na arte
Ana Hikari – sororidade e feminismo na vida e na arte

JornaldamodA – Você acha que a mensagem de sororidade foi passada com a história de amizade entre sua personagem Tina e as demais integrantes do grupo de amigas de Malhação?

Ana – Acredito que sim, porque a Tina vem de um contexto social completamente diferente de cada uma das meninas. A união das 5 é uma das maneiras de exemplificar a sororidade: elas enxergam e valorizam as diferenças entre si, mas, mesmo com as diferenças, procuram se respeitar, trocar conhecimento, se apoiar e serem uma potência de grupo feminino. É muito comum vermos na televisão a rivalidade feminina aflorando, mas “As Five” mostram que é possível cinco mulheres serem honestamente amigas, apesar de todas as diferenças. Nem toda sororidade deve gerar, obrigatoriamente, uma amizade como a das Five, mas o primeiro encontro delas, no metrô, é um ótimo exemplo de sororidade.

JornaldamodA – Você acha que as novas gerações, público de Malhação, estão mais confortáveis com o feminismo e a sororidade? 

Ana – Acredito que elas estão tendo contato com esse pensamento com mais frequência e estão adquirindo mais vocabulário, desde cedo, para poder discutir questões de feminismo que, na minha época de adolescente, eram mais veladas. Hoje em dia, com essas discussões abertas e vocabulário, elas estão se empoderando cada vez mais cedo. Isso é bom, porque o machismo se apresenta desde muito cedo para uma menina. A violência de gênero atinge garotas independentemente da idade, então, quanto mais cedo elas adquirirem conhecimento, melhor. Isso tem acontecido através desses debates em TV aberta e na internet.

JornaldamodA – E como foi entrar no spin-off “As Five”?

Ana – Foi um prazer viver essa protagonista agora numa série mais adulta, numa nova fase. É um desafio muito grande. Poucas atrizes têm a possibilidade de viver novamente uma personagem. Foi um desafio, porque eu precisei encontrar a essência da Tina e trabalhar ela em outro lugar, na fase adulta, com outros questionamentos e outras experiências vividas.

JornaldamodA – Você resolveu passar por uma mudança de visual, deixando os fios naturais. Como é o seu cabelo natural e o que você está mais gostando nele?

Ana – Meu cabelo natural é ondulado e castanho escuro. Eu amo meu cabelo natural. Por muito tempo, durante minha adolescência, eu fiz procedimentos de alisamento (progressiva, relaxamento, etc). Ter a liberdade hoje de usar o meu cabelo natural é algo que me dá muito prazer. Muitas vezes, por questões de estereótipo, minhas personagens acabam sendo sempre de cabelo liso, porque as pessoas não imaginam que existem diversas possibilidades de textura de cabelo para mulheres de descendência asiática, especificamente mulheres amarelas. Então eu aproveito quando não estou gravando pra deixar meu cabelo sem agressões térmicas.

JornaldamodA – Me explica um pouco mais esse truque de secar os fios com uma camiseta de algodão?

Ana – É um truque que eu vi na internet e pesquisei mais pra entender: a camiseta de algodão agride menos o fio do que a toalha, quando secamos os fios depois de lavar o cabelo. Depois de sair do banho, eu passo um leave-in ou um creme pra pentear e enrolo o cabelo na camiseta e deixo secar. Passado um tempo, eu solto as mechas, pra terminar de secar naturalmente. Isso deixa ele mais ondulado, modelado e com menos frizz.

JornaldamodA – Qual foi o impacto psicológico de assumir seus fios naturais?

Ana – Acho que cresceu em mim um auto-amor maior. Saber que eu posso acordar e não precisar fazer NADA no meu cabelo para achar ele bonito foi libertador. Eu perdia muito tempo do meu dia alisando ou passando chapinha – tudo pra ter uma imagem que correspondesse com o que queriam de mim. Hoje em dia, eu me sinto mais dona de mim, sem me preocupar com pressões estéticas sobre o meu cabelo. É uma maneira de potencializar o meu amor próprio.

Leia mais: histórias sobre sororidade.

Leia mais: livro “Sororidade – quando a mulher ajuda a mulher”.

Fotos: Divulgação.

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