Entrevistar mulheres para ampliar o debate sobre feminismo e sororidade é o ponto central do JornaldamodA. Mas e os homens? O que eles pensam sobre a masculinidade tóxica e o machismo? Resolvemos então passar a palavra para o poeta Fabrício Carpinejar:
JornaldamodA – Você é um homem que procura entender e participar do feminismo?
Carpinejar – Sim. Procuro ler, me informar, discutir e entender como poderemos diminuir esse fosso de desigualdade social e cultural. Sou filho de mãe que criou os seus quatro filhos sozinha. Sou pai de uma filha, e já vi o quanto há um agressivo preconceito com a independência feminina, como se houvesse uma necessidade de desmerecer o sucesso de uma mulher sem um homem por perto.
JornaldamodA – Acredita que o machismo é tóxico também para os homens?
Carpinejar – Totalmente. O homem pensa que gentileza, flores e bombons recompensam a falta de atenção. O romantismo vem sendo usado equivocadamente para tapar a falta constante de empatia. A verdade não depende de efeitos especiais.
JornaldamodA – Por que tantos homens odeiam o feminismo?
Carpinejar – Porque se acham o centro da atenção. Acreditam que o feminismo é contra eles. Não são capazes de aceitar uma realidade onde não são protagonistas.
JornaldamodA – Você tenta conversar com outros homens sobre masculinidade tóxica?
Carpinejar – Já terminei amizades quando não concordei com a atitude de um amigo em relação ao seu casamento ou namoro.
A única crítica construtiva é fazendo oposição, não passando pano para omissão e grosseira. Eu corto o pano.
Sou alfaiate da educação. Demonstro sincera inconformidade se tal situação não combina com o meu caráter. A cumplicidade se dá nas brincadeiras.
Não coleciono amigos. Eu tenho poucos e raros que partilham do mesmo senso de justiça.
Não me promovo a partir do desmerecimento feminino. Não rifo a luta por direitos iguais admitindo piadas machistas e vídeos pornôs em grupos de WhatsApp. Não fico calado para ser aceito e conquistar simpatias.
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Foto – Com Carpinejar: papo sobre masculinidade tóxica: Divulgação.