O Chile pode te inspirar, num primeiro momento, a planejar roteiros pela capital Santiago ou Deserto do Atacama; mas certas regiões do alongado país, caso da encantadora Los Lagos, seguem como verdadeiros mistérios para brasileiros. Entretanto, tal perfil começa a mudar com a curiosidade do viajante apaixonado pelo nada óbvio, já que eles encontram em águas naturalmente quentes o ponto que faltava para se jogar nessa aventura aos pés da Cordilheira dos Andes.
Como chegar: Termas Puyehue
A rota São Paulo – Santiago – Osorno é o caminho a ser percorrido por aqueles que querem relaxar no clima úmido e frio da região; só que antes disso o turista precisará passar por escala e chazinho de cadeira no aeroporto.
Meu trajeto começou cinco da manhã na Zona Oeste de São Paulo e terminou cinco da tarde no Aeroporto Canal Bajo, trinta minutos do centro da cidade de Osorno. Depois dessas 12 horas entre ar e salas de espera, ainda mais 75 minutos de ônibus até chegar ao hotel termal, ou seja, é um caminho e tanto, mas com uma ótima recompensa ao fazer o check-in.
Para os mais aventureiros, existem ônibus que saem de Santiago para Osorno, numa longa jornada de quase 11 horas. O caminho é extenso sim, mas as paisagens são surreais também! Se você tem tempo e adora pegar estrada, ou não é muito fã de avião, talvez essa seja uma opção.
Alternativa
Durante a alta temporada de esqui em Bariloche, algumas companhias aéreas fazer o trajeto direto de São Paulo para esse destino de neve tão popular entre brasileiros. Essa também pode ser uma saída, pois ônibus de Bariloche para Osorno são diários e o caminho fica em sete horas. De carro, atravessando as famosas Cordilheiras, o percurso é de duas horas e meia.
O hotel
Na região existem passeios pelo Parque Nacional Puyehue, lagos, vulcões e cidades vizinhas; mas se a intenção é relaxar, o melhor mesmo é se hospedar no grande hotel Termas de Puyehue e aproveitar sua estrutura bem montada, ótima desculpa para desacelerar.
No clima de pisar no freio, foram três noites/quatro dias intercalando minutos em jacuzzis e piscinas de águas termais, caminhadas na mata, trekking no meio da vegetação nativa e imersão gastronômica com frutos do mar, vinhos, pisco e muito doce de leite.
O café da manhã farto até te faz esquecer o almoço, mas pacotes da hospedagem envolvem sistema “all inclusive”, ou seja, você vai comer muito bem. Os bares também estão repletos de drinks, ficando apenas algumas opções internacionais fora do menu “coma e beba quanto quiser”.
Para se divertir em dias de tempo mais fechado, a sala de jogos bem completa vive cheia e agitada. A partir das quatro da tarde também é possível alugar uma das pistas de boliche e brincar até os ombros pedirem sossego.
O jardim da propriedade também é um espetáculo, reservando aos caminhos a serem percorridos a pé, de bicicleta ou cavalgando paradas estratégicas entre arbustos repletos de amoras selvagens.
Osorno
Depois de muito aproveitar as três piscinas de água termal – quentinhas e com propriedades curativas para deixar pele e cabelos macios; resolvi sair do meu refúgio para conhecer Osorno; cidade que parece pequena, mas esconde um cotidiano agitado.
Peguei um ônibus de linha em frente ao hotel (passa de hora em hora) e parti rumo ao ponto final, bem ao lado da praça central da cidade. A Catedral de São Matheus é o prédio mais divulgado entre pesquisas de Tripadvisor e indicações do Google, mas sua visita não ultrapassa vinte minutos; isso se você não for muito religioso. Do hotel para Osorno o valor do ônibus, pago para o motorista em dinheiro, é 2.000 pesos chilenos. Do hotel para o lado oposto ao da cidade, chegando em Águas Calientes, o ticket é 500 pesos.
No entorno você encontra lojas, galerias e shoppings com grandes redes como Falabella mostrando no display looks com preços que equivalem ao valor praticado no Brasil. O Chile realmente não é um destino barato quando falamos de compras.
Valeu pela curiosidade, mas acredito que se você é de uma cidade agitada como São Paulo, Osorno se torna algo muito parecido com o que temos aqui no Brasil. O ponto alto dessa viagem é, portanto, os segredos naturais de trilhas e remadas.
Conclusão
A região onde está o Hotel Termas de Puyehue é úmida, fria, cheia de matas densas e paisagens incríveis. Em dias de céu azul, entre a cidade e o hotel é possível avistar pastos lotados de gado e, ao fundo, a silhueta imponente dos vulcões da região, com destaque para o glaciar do Osorno. Dá para ficar horas contemplando essa beleza forte.
Se você busca sossego, a ideia é tirar uns 3 ou 4 dias para aproveitar ao máximo o hotel, sem pensar em sair daquelas águas terapêuticas.
Apesar de ser um destino muito procurado no inverno, por causa da proximidade com a estação de esqui Antillanca, o verão é momento para se jogar em trekkings, passeios de caiaque e caminhadas entre vulcões. Vale cada minuto ser fitness ao ar livre!
Beba vinhos locais, cervejas artesanais produzidas na região de Valdívia, coma peixes, saladas, frutas vermelhas deliciosas que estão diariamente no buffet da propriedade. Gastronomia também é uma forma de conhecer a cultura local.
Leve guarda-chuva ou capa impermeável para seus passeios. Do nada, um vento mais gelado ou pingos que mais parecem gelo caem sobre sua cabeça mesmo no verão. A média de temperatura que peguei em março foi de 15 graus – durante o dia.
Se você quer alternar entre o sossego do hotel e aventuras por Puerto Montt (duas horas), Puerto Varas (2 horas) ou Ensenada (uma hora e meia), alugue um carro. É a forma mais prática e com melhor custo/benefício.
Eu peguei o contato da locadora Europcar , que fica no aeroporto de Osorno. Aconselho ligar para saber sobre os dias que estão funcionando, pois ali eles têm horários um pouco limitados. E o melhor é pegar o carro já na hora que chega ao aeroporto, deixando previamente combinado, pois para entregar o carro no hotel o valor fica inviável (preço da diária do modelo mais básico é 40.000 pesos chilenos e taxa para entrega do veículo é 30.000 pesos chilenos).
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Fotos: Paula Roschel.
