Quer coisa mais deliciosa do que ver projetos brilhantes sendo valorizados? Ainda mais quando envolve um prêmio que permite a sequência de estudos científicos que vão melhorar a vida de muitas outras pessoas.
Aqui no JornaldamodA nós amamos essas conquistas, principalmente quando são alcançadas por mulheres da ciência, área ainda cheia de machismo.
Então quer uma ótima notícia? A L’Oréal Brasil divulgou nessa semana as sete vencedoras da 10° edição do “Para Mulheres na Ciência”, único programa brasileiro para mulheres cientistas, em parceria com a UNESCO e Academia Brasileira de Ciências.
Ao longo desses dez anos, o prêmio já promoveu o trabalho de 68 jovens cientistas.
Vamos então conhecer um pouco mais sobre cada uma delas e seus projetos:
Alline Campos e medicamentos com menos efeitos adversos
A pesquisadora Alline Campos, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, que busca uma forma de produzir medicamentos mais efetivos e que produzem menos efeitos adversos, para tratar pacientes que sofrem de ansiedade e depressão. “Este reconhecimento profissional é fundamental para cientistas que estão, como eu, iniciando suas carreiras. Receber um prêmio dessa importância confirma que estamos no caminho certo”, afirma a paulista.
Daiana Ávila e uma nova terapia para ELA
Cientista da Universidade Federal do Pampa-Unipampa, no interior do Rio Grande do Sul, Daiana Ávila foi premiada por liderar um estudo sobre uma nova terapia para a Esclerose Lateral Amiotrófica, doença genética, degenerativa e sem cura. “Fiquei muito feliz e orgulhosa em receber esse prêmio por um estudo realizado aqui no interior do Rio Grande do Sul. O reconhecimento vai ajudar na valorização do uso de modelos alternativos na investigação científica, comuns nos Estados Unidos e na Europa, mas ainda pouco difundidos no Brasil”, explica a pesquisadora.
Elisa Brietzke e o envelhecimento precoce de indivíduos bipolares
A pesquisadora Elisa Brietzke, do departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo-Unifesp, estuda se o envelhecimento precoce de indivíduos bipolares, com a progressão da doença. O objetivo futuro é desenvolver e testar medicamentos capazes de bloquear o seu avanço. “Esta é uma pesquisa inovadora no mundo e fico muito feliz com o reconhecimento que estamos recebendo”, conta a cientista, que se orgulha de ter feito sua formação em instituições brasileiras. “Isto demonstra como um cientista, em especial uma mulher cientista, também alcança o sucesso se permanecer em seu país”, avalia.
Tábita Hunemeier e as variações genéticas
Cientista do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo-USP, Tábita Hunemeier tenta elucidar em seu projeto as bases genéticas de características morfológicas dos nativos americanos (indígenas), para tentar encontrar variações genéticas que os diferenciam fisicamente das populações de outros continentes. “Eles são a população menos estudada no mundo do ponto de vista genético. Nosso estudo tenta preencher uma lacuna existente e entender melhor questões relacionadas à sua evolução”, explica. Ela conta que levou alguns minutos para assimilar a notícia do reconhecimento. “É emocionante. Sinto-me muito honrada em ter sido selecionada entre as centenas de pesquisadoras competentes inscritas”, comemora.
Dra. Cecília Salgado e sistemas de comunicação
A Dra. Cecília Salgado, pesquisadora de Ciências Matemáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, estuda sobre códigos corretores de erros, fundamental na solução de falhas na transmissão de informação por sistemas de comunicação como linhas telefônicas ou discos rígidos. Ela acredita que o prêmio vem consolidar seu trabalho desenvolvido nos últimos seis anos. “Espero que este reconhecimento abra portas e desperte o interesse de mais mulheres para a Matemática. Os trabalhos selecionados sempre são de extrema relevância e só o fato de dar mais visibilidade a pesquisas desenvolvidas por mulheres, já é maravilhoso”, incentiva a cientista carioca que escolheu a matemática por ser base de diversas áreas científicas.
Dra. Elisa Orth e problemas genéticos
A Dra. Elisa Orth, cientista do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná – UFPR, conta que esta é a segunda vez que se inscreve no prêmio e se sente completamente realizada com a conquista. Seu estudo busca resolver problemas genéticos — relacionados a doenças como câncer, fibrose, mal de Parkinson, mal de Alzheimer, entre outras — e também destruir substâncias químicas nocivas à saúde, presentes em agrotóxicos ainda utilizados no Brasil. Ela e sua equipe desenvolvem sistemas catalisadores e, no futuro, pretendem quebrar e substituir enzimas “doentes” do código genético por enzimas sintéticas “sadias”, além de tornar os alimentos mais saudáveis e seguros, sem comprometer sua qualidade. “Há anos conheci o prêmio e sempre quis fazer parte desse grupo de cientistas reconhecidas por ele”, declara.
Karin Menéndez-Delmestre e a evolução de galáxias
A pesquisadora Karin Menéndez–Delmestre, da Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ, é uma autoridade reconhecida no campo da evolução de galáxias e busca entender os processos de suas formações, por meio de observações da via-láctea e de universos distantes. Ao longo de sua carreira, a cientista já produziu 37 artigos e mais de 1.200 citações, das quais 350 referem-se às publicações de primeira autora.
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