quinta-feira, março 28, 2024

Como evitar a infecção urinária?

Infecção urinária é um problema de saúde bastante comum, principalmente entre mulheres. E por ser tão presente no cotidiano, muitas pessoas acabam negligenciando sintomas e tratamento, o que pode fazer com que essa condição tratável vire um problema sério.

Para desvendar alguns mitos e verdades sobre o problema, entrevistamos o ginecologista e obstetra Dr. Elvio Floresti Junior. Confira:

O que causa a infecção urinária?
A infecção urinária é uma patologia que afeta qualquer parte do aparelho urinário, desde os rins, a bexiga, até a uretra.

É decorrente da presença de agentes infecciosos em alguma parte do sistema urinário, sendo que quando afeta os rins, recebe o nome de pielonefrite; quando acomete a bexiga, é chamada de cistite; quando atinge a uretra, recebe o nome de uretrite. A relação sexual é a maior causa da infecção urinária, decorrente principalmente do atrito que ocorre durante o ato sexual.

Cranberry: um aliado natural

Como identificar os primeiros sintomas?
Os sintomas são decorrentes da irritação da mucosa da bexiga e uretra. Ocorre dor na micção (cistite), aumento da frequência de micções (polaciúria), desconforto em baixo ventre, odor forte urinário, dificuldade para iniciar a micção e urgência miccional (vontade aguda de fazer xixi).

Ainda pode apresentar quadro mais agravante quando atinge os rins, deixando a pessoa com febre, mal-estar geral, calafrios, etc.

É possível não sentir sintomas durante uma infecção urinária?
Sim. Existe uma bactéria urinária assintomática, ou seja, presente no sistema urinário sem sintomas e sendo mais importante na gravidez, pois pode aumentar a incidência de partos prematuros.

Por que é importante começar o tratamento assim que identificar a infecção? 
Como toda infecção, é importante tratar o mais breve possível, pois as bactérias podem ascender da bexiga (cistite) para os rins, causando a pielonefrite, uma infecção mais grave e que muitas vezes precisa ser tratada em ambiente hospitalar. Apesar de raro, uma pielonefrite pode evoluir até uma septicemia, ou seja, infecção generalizada.

Existe mesmo relação entre preservativos e a infecção urinária em mulheres? 
A relação sexual é a maior causa de infecção urinaria. Isso é devido ao trauma e irritação que o ato sexual causa na uretra e facilita que bactérias existentes na flora vaginal e vulvar penetrem na bexiga. O preservativo, mesmo lubrificado, pode irritar mais a mucosa vaginal e uretra, principalmente em mulheres mais sensíveis, mas isso não é tão frequente.

E o suco de cranberry realmente tem alguma propriedade que pode prevenir ou curar a infecção?
Em estudos in vitro, cientistas observaram que a fruta consegue impedir que a E.Coli consiga se fixar.

A E.Coli é um tipo de bactéria que convive bem no intestino, mas quando migra para o trato urinário é a principal fonte de infecções. Sem essa fixação, o micro-organismo é mais facilmente eliminado pela urina e não consegue ter tempo para se multiplicar e criar todo o desconforto que gera. Sendo assim, o suco de cranberry não é eficaz para combater a infecção urinária, não podendo substituir o antibiótico, mas tudo indica que ele diminui a incidência de infecções urinárias, ou seja, pode ser usado como prevenção, não como tratamento.

Só existe o tratamento com antibióticos nesse caso?
Existe a cistite traumática, ou seja, a mulher tem os mesmos sintomas de infecção urinaria, mas sem a presença de bactérias. Nesse caso, apenas com analgésicos urinários e muito liquido os sintomas desaparecem. Porém, na maioria das vezes, o antibiótico é necessário para um tratamento adequado, apesar de infecções urinarias discretas.

Mesmo sem antibióticoterapia, o próprio organismo é capaz de eliminar as bactérias patogênicas com a ingestão de líquido para uma boa diurese, o que facilita a eliminação das bactérias.

Como evitar a infecção urinária?
Temos várias dicas para evitar a infecção urinária:
– evite de segurar a urina (urine com frequência)
– urine antes e depois das relações sexuais
– use papel higiênico de frente para traz, para não contaminar a vagina e uretra
– evite duchas vaginais, banheiras e relação anal
– lave a região perineal antes da relação sexual

Doutor Elvio Floresti Junior é ginecologista e obstetra formado pela Escola Paulista de Medicina desde 1984. Possui título de especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) e título de especialista em colposcopia. Além disso é especializado em histerectomia vaginal sem prolapso uterino (sem necessidade de corte abdominal) e está atualizado com as últimas técnicas cirúrgicas como sling vaginal. Realiza pré-natal especializado e atua em gestações de alto risco.

 

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